Solenidade da Santíssima Trindade

 

A celebração de hoje nos convida a mergulhar no profundo mistério da vida íntima de Deus e a louvar a grandiosidade do seu amor: «Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo!».

Deus nos revela o mistério da sua existência ao enviar seu Filho à Terra para nos fazer participar de sua própria vida. Após completar a obra da Redenção, o Filho nos envia o Espírito Santo, procedente do Pai.

A Igreja, criada por Deus à imagem da Santíssima Trindade, é um mistério de comunhão na unidade, algo de que nunca pode abdicar. Após contemplar, ao longo do ano litúrgico, todos os mistérios da Salvação – desde o Nascimento de Cristo até ao Pentecostes – hoje a Igreja se foca no mistério fundamental do cristianismo: o mistério da Santíssima Trindade, fonte de todos os dons e bens. Convida, assim, os fiéis a aprofundarem-se na vida íntima de Deus e a entoarem louvores a Ele: «Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo!». Há um só Deus.

Na 1a Leitura da Missa de hoje (Deuteronômio 4,32-34.39-40) , Moisés adverte o povo: «Fica, pois, sabendo hoje, grava-o no teu coração: só o Senhor é Deus, no alto dos céus e cá em baixo na terra, e não existe nenhum outro Deus». Todo o Antigo Testamento destaca a unicidade de Deus, prevenindo Israel contra a idolatria em meio aos povos pagãos. Para nós, o novo Israel, libertado pela nova Páscoa, Jesus, nosso Redentor e Deus encarnado, revelou-nos o Pai e a comunhão do Espírito Santo.

Como nos afirma São João no prólogo do seu Evangelho: «A Deus, nunca ninguém o viu, o Filho único, que está no seio do Pai, é que o deu a conhecer!».

Deus é revelado como Mistério de Comunhão, tanto em si mesmo quanto em seu Amor salvífico para com suas criaturas.

Deus relaciona-se conosco como Trindade: o Pai, que nos ama como filhos no seu único Filho, e na comunhão do Espírito Santo, derramado em nossos corações. Assim, batizados «em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo», conforme ordenado por Jesus – como ouvimos no Evangelho desta Solenidade (Mateus 28,16-20) – renascemos para uma vida nova como filhos do Pai, irmãos de Cristo, e templos do Espírito Santo, que prepara em nós uma morada de amor.

A 2a Leitura, da Carta aos Romanos (Romanos 8,14-17), destaca a ação do Espírito Santo: «Recebestes um Espírito que faz de vós filhos adotivos, e que nos leva a bradar: Abbá! Ó Pai!». Neste dia, ao tomarmos mais consciência de sermos Igreja, uma reunião de convocados, não podemos esquecer que fazemos parte da Igreja Universal, que, como diz o Concílio, no Documento Lumen Gentium, é «um Povo congregado na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo».

Essa Igreja, «reunida pela virtude e à imagem da Trindade, aparecerá ao mundo como Corpo de Cristo e Templo do Espírito Santo, para louvor da infinita sabedoria de Deus» (Prefácio).

A Solenidade da Santíssima Trindade deve nos levar a tomar consciência da importância de nossa vida de comunhão com a Santíssima Trindade.

É preciso aprender a tratar cada Pessoa divina, para podermos viver uma vida cristã intensa e de qualidade. Aprendera tratar o Pai com espírito de filiação. Ele é nosso Criador. Ele cuida de nós com cuidados paternos e devemos tratá-lo com carinho e amor filial na oração.

Aprender a tratar o Filho, Jesus Cristo Nosso Senhor, como nosso irmão maior, que “que nos amou e por nós se entregou” (Efésios 5,2). A comunhão com Jesus se dá na escuta de sua Palavra e na recepção dos Sacramentos da fé, especialmente da Confissão e da Eucaristia.

Aprender a tratar o Espírito Santo, o Consolador, o Defensor, pedindo sempre suas luzes e inspirações, para podermos viver e agir segundo a vontade de Deus.

Celebrar a Santíssima Trindade deve nos levar a viver intensamente nossa vida na busca da Comunhão com as pessoas divinas.

 

Dom Antonio Carlos Rossi Keller – Bispo de Frederico Westphalen