Presidência 2019-2023: Dom Adilson Busin é o segundo entrevistado e avalia quadriênio

Temos que manter em nós e nos fiéis cristãos católicos o espírito de olhar para quem sofre, afirma dom Adilson Pedro Busin nesta segunda entrevista da série com a Presidência 2019-2023.

Às vésperas da 60ª Assembleia Geral da CNBB, que elegerá a nova presidência nacional e também a do Regional Sul 3, seguimos a publicação de nossa série de entrevistas com os membros da Presidência da gestão 2019-2023, desta vez apresentando a conversa com dom Adilson Pedro Busin, Cs, Secretário da Presidência Regional.

Nesta entrevista, dom Adilson relata os desafios e alegrias vivenciados nestes quatro anos e destaca as ações da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial, a qual preside. Olhando para as marcas dos quatro anos passados, o Secretário relembra os ensinamentos oferecidos pela pandemia do Covid-19 em 2020 e 2021 e pontua que a nossa solidariedade deve seguir articulada e ‘sempre atenta a quem precisa’.

Por fim, o bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre aponta luzes e pistas de ações para a próxima Presidência Regional, que será eleita durante esta 60ª Assembleia Geral. Confira:

Quais os maiores desafios e alegrias em ser Secretário da Presidência do Regional durante este quadriênio?

As alegrias, começamos por elas. Como secretário, eu acho que a partilha fraterna é sempre destaque grande. A fraternidade entre os bispos e a franqueza também. Temos diferentes pontos de vistas inclusive, diferentes no sentido de pensamento, que é justo que seja, mas esse espírito fraterno é de acolhida uns aos outros. Destaco ainda a alegria dos reencontros, a fraternidade, a franqueza e a cordialidade nesse caminho de Igreja.

Ainda nesta questão estão os desafios. O desafio maior que eu vejo é muitas vezes o exercício da escuta. Tentar entrar no espírito da escuta e na preocupação, ou até na angústia ou sofrimento do outro co-irmão. Por isso ressalto a importância de sempre buscar se dar atenção para quem está falando naquele momento.

Por fim, o grande desafio que eu vejo como secretário é o de retomarmos as pautas, sobretudo daqueles pontos que nós temos muitos desafios. Por exemplo a juventude, a pauta da educação e o olhar atento às nossas comunidades. Quem sabe nós pudéssemos, em nossos encontros, nos concentrar mais em alguns pontos urgentes e deixar outros para um próximo momento. Ou seja, a gente não querer abraçar tudo e de repente não conseguir dar respostas adequadas.

O Senhor também é Bispo Referencial da Comissão Episcopal para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial no Regional. Neste sentido, como avalias o desenvolvimento do Pilar da Ação Missionária proposto pela DGAE neste quadriênio?

Dom Adilson em visita a Missão em Moçambique

Primeiro preciso dizer da alegria do nosso Regional. Não obstante a pandemia e o sofrimento para encontrar recursos e pessoas, Deus tem abençoado quer um aspecto, quer outro, em nossa Missão em Moçambique. Tanto a parte da sustentabilidade da missão lá, com os recursos das nossas coletas e da nossa campanha, como também em relação aos missionários. No momento nós temos bastante gente disponível, tanto no laicato, como também no meio dos sacerdotes, das dioceses. Então primeiramente o sentimento é de gratidão.

Em segundo lugar, como regional, nos alegramos com os projetos Igrejas Irmãs de algumas dioceses de nosso Estado, especialmente com a Diocese de Montenegro que iniciou o seu projeto recentemente. Mas, ainda, diante do Programa Missionário Nacional, ficam alguns desafios e o mais importante deles é o de fortificarmos os conselhos missionários diocesanos para realmente manter o espírito missionário dentro das nossas Igrejas Locais. O desafio é de garantirmos sempre a animação missionária dentro das nossas paróquias e dos nossos conselhos de pastoral das nossas dioceses.

Por fim, ressalto ainda o desafio da animação da juventude missionária, que parece ter esfriado com a pandemia. Em relação a IAM (Infância e Adolescência Missionária) conseguimos perceber melhor esta retomada, mas para a juventude ainda precisamos uma melhor articulação, com a pastoral da animação vocacional e outros grupos de jovens de nosso regional.

Segundo o senhor, o que mais marcou o quadriênio que passou? O que ressaltar?

Não tem como dizer que não tenha sido a pandemia, em dois sentidos: um que nos fez repensar a nossa dinâmica pastoral, as prioridades e o corre-corre das agendas; e outro foi o mutirão que houve em favor dos necessitados. A Igreja do Rio Grande do Sul mostrou uma cara solidária, um gesto verdadeiro de partilha. Essa convocação da solidariedade não se pode perder com a chegada da vacina, ou seja, agora estamos mais aliviados, a pandemia está praticamente controlada e aí abaixamos a guarda da solidariedade, da arrecadação, da ajuda mútua. Não! Temos que manter em nós e nos fiéis cristãos católicos o espírito de olhar para quem sofre, olhar para quem precisa e vencermos juntos, desta forma fraterna e na cooperação, também a fome, que foi o tema da Campanha da Fraternidade deste ano. A fome não terminou no Dia de Ramos, ela continua, por isso precisamos manter esta solidariedade sempre alerta no meio das nossas comunidades.

Para os próximos quatro anos, com que luzes a presidência poderá contar?

Eu vejo que uma luz ,que também é um desafio, é o de realmente pensarmos a catequese a juventude. Aqui eu coloco a catequese junto com a juventude porque as nossas comunidades estão envelhecendo e inclusive também os nossos idosos são luzes das comunidades. Eu creio que é preciso aproveitar a interação das gerações, mas sobretudo apostando na juventude. Talvez, quem sabe, dedicar um dia duma nossa assembleia para esse tema específico e com uma rede grande desde as nossas bases das congregações religiosas, irmãos e irmãs do clero, dos bispos. Então eu vejo isso como um grande desafio e ao mesmo tempo uma grande luz, porque a juventude é luz.

Ainda dentro disso, gostaria de ressaltar de novo a importância de um exercício de escuta. Escutar aquilo que passa em cada diocese, escutar as luzes das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora e especialmente da proposta das comunidades eclesiais missionárias.

Penso ainda que uma boa ideia seja, como presidência, se fazer uma programação para visitar as dioceses, através das Províncias Eclesiásticas. Uma pequena visita de meio dia em cada arqui/diocese seria o ideal e faria tão bem como sentido de fraternidade. Estar lá na Igreja Local exigirá tempo sim, mas eu creio que seja uma boa luz.

Por fim, este tempo que chega traz também a celebração da chegada dos alemães e dos italianos em nosso Estado. Em 2024 estaremos celebrando duzentos anos da imigração alemã e em 2025 150 anos da migração italiana e isso também precisa ser levado em conta pela Igreja no Rio Grande do Sul nestes anos.

Confira nos próximos dias a última entrevista da série com a Presidência Regional 2019 – 2023, com dom José Gislon, Presidente.

CNBB Sul 3