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As lições de Aparecida

Dom Adelar Baruffi – Bispo de Cruz Alta

Romaria 03No dia 12 de outubro o povo católico do Brasil reverencia nossa padroeira, Nossa Senhora Aparecida. Este ano, com uma motivação especial, pois conclui-se o Ano Nacional Mariano, que recorda os 300 anos da devoção à Mãe Aparecida. Nossa Diocese, embora tenha como principal devoção mariana Nossa Senhora de Fátima, juntamente com todas as dioceses do Brasil, peregrinou com uma réplica da imagem da Aparecida, recebida pelo Santuário Nacional, por todas as mais de 600 comunidades que juntas formam nossa Igreja Particular. Esta missão foi confiada aos jovens das paróquias e foi um impulso na evangelização.

Quero relembrar alguns pensamentos da belíssima mensagem deixada pelo Papa Francisco aos bispos do Brasil, na Jornada Mundial da Juventude, dia 27 de julho de 2013, no Rio de Janeiro. De fato, “a Igreja tem sempre a necessidade urgente de não desaprender a lição de Aparecida; não a pode esquecer”, disse o Santo Padre.

A Mãe. Em primeiro lugar, nos recorda que “em Aparecida, Deus ofereceu ao Brasil a sua própria Mãe”. Sentimo-nos amados por ela. Em Aparecida, Maria não pronunciou palavras, mas pede para termos tempo para estar na sua companhia e contemplá-la, pois ela nos fala de Deus, da Igreja e de cada um de nós.

A pobreza. Aparecida revela a realidade do povo brasileiro de ontem e de hoje: a pobreza e os meios pobres para viver. Os pescadores são pobres. “Os homens partem sempre das suas carências, mesmo hoje.Possuem um barco frágil, inadequado; têm redes decadentes, talvez mesmo danificadas, insuficientes.Primeiro, há a labuta, talvez o cansaço, pela pesca, mas o resultado é escasso: um falimento, um insucesso. Apesar dos esforços, as redes estão vazias.”

A surpresa de Deus. Como em Aparecida, Deus nos surpreende sempre. “Ele chegou de surpresa, quem sabe quando já não o esperávamos. A paciência dos que esperam por Ele é sempre posta à prova. E Deus chegou de uma maneira nova, porque Deus é surpresa: uma imagem de barro frágil, escurecida pelas águas do rio, envelhecida também pelo tempo. Deus entra sempre nas vestes da pequenez.”

Instrumento de unidade. “O Brasil colonial estava dividido pelo muro vergonhoso da escravatura. Nossa Senhora Aparecida se apresenta com a face negra, primeiro dividida, mas depois unida, nas mãos dos pescadores. […] Muros, abismos, distâncias ainda hoje existentes estão destinados a desaparecer. A Igreja não pode descurar esta lição: ser instrumento de reconciliação.”

Acolhida em casa. “Depois, os pescadores trazem para casa o mistério. O povo simples tem sempre espaço para albergar o mistério. Talvez nós tenhamos reduzido a nossa exposição do mistério a uma explicação racional; no povo, pelo contrário, o mistério entra pelo coração. Na casa dos pobres, Deus encontra sempre lugar. […] Deus faz-se levar para casa. Ele desperta no homem o desejo de guardá-lo em sua própria vida, na própria casa, em seu coração.”

Os meios pobres. “As redes da Igreja são frágeis, talvez remendadas; a barca da Igreja não tem a força dos grandes transatlânticos que cruzam os oceanos. E, contudo, Deus quer se manifestar justamente através dos nossos meios, meios pobres, porque é sempre Ele que está agindo.”

Parabéns a todas as crianças pela passagem do vosso dia! Nossa Senhora Aparecida, olha para nosso povo brasileiro!

 

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